Epopeias de uma nação mentalmente marasmada produzidas sem a censura do horário nobre imposta pela sociedade.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Monólogo sobre a Morte

Caminhando pelas bordas da vida, equilibrando entre razão e emoção, sigo eu, levando pedradas de quem me odeia. Aprendendo a esquivar das pedras, continuo caminhando. Acertar-me é sorte e revidar é mesquinho. Apenas me esquivo. Ignorá-los é uma virtude. Eu não tenho obrigação de demonstrar-lhes se me afetam ou não, mesmo que me acertem. Ignoro-os como devem ser ignorados. Eles, preocupados em me ferir, acabam caindo no abismo que lhes aguarda, mas não rio deles... apenas me serão menos a planejar a minha desgraça... menos pedras atiradas. Continuo caminhando, subindo e ignorando o que não me faz bem. Ser assim é melhor do que ficar parado revidando as pedradas. Não quero cair no mesmo abismo que os meus inimigos.
Não faltarão obstáculos pelo caminho que sigo. Devo preocupar-me com eles, não com o que os já presentes podem me causar. Estes já sei como superar, os que virão ainda nem sei como são. Esses, sim, me preocupam...
Fui instruído a aprender a superar o que vier. Seja fácil ou difícil, devo superar. Seja bom ou ruim, devo passar. Se aprender, não voltarão mais e se não aprender, terei novas chances pela frente. Seja quando for, não devo ter pressa. Se não há pressa para a morte, por que haveria para a vida e suas naturais situações?
A morte é a vida em mutação, por isso é inevitável. É a vida quem dá as cartas. É ela quem me torna o que sou... mas a minha vida sou eu quem faz... então sou eu quem dá as cartas à minha vida... mas se eu der as cartas erradas, a cada uma delas, a morte se aproxima mais... até que ela chega... uma vez que ela se aproxima, não há como afastá-la, não há jeito de mandá-la embora.
A morte é um bem que todos temos direito. Um bem sim, pois se não for vista como tal, tornar-se-á um medo e viveremos toda a vida preocupados com ela, como se fosse um ato de impaciência do Criador e isso não é uma verdade.
A morte é transformação, não um fim. Ela nos faz mais sublimes, não nos tira nada além do peso material, nos dá a consciência de toda uma vida, nos faz enxergar tudo o que fizemos de errado, nos traz o arrependimento pelos males que causamos e isso não é ruim... não pode ser ruim... depende de cada ponto de vista.
Tudo o que está errado pode ser consertado. Seja hoje, seja amanhã, seja daqui a séculos... um dia será consertado, mas poderão haver outros erros, que precisarão ser consertados também... isso faz com que o Tudo esteja sempre em transformação... uma espécie de transição contínua, que o torna sempre indefinido, mas modelado da melhor forma para a situação mais conveniente. Isso é vida, é mudança para melhor, é mutação.
Com as cartas certas, a vida sempre fará tudo no tempo certo, inclusive trazer a morte, que, como já disse, não é um mal, é uma necessidade. Se fôssemos imortais, nos tornaríamos suicidas, pois somos muito fracos para suportar as pedradas por muito tempo. Suicídio é uma evocação da morte por nós mesmos... algo que não temos direito.
Viver esperando pela morte é uma completa perda de tempo. Ela virá, mas quando tiver que vir. Não é justo passar toda uma vida à sua espera. Não é justo passar toda a vida esperando por algo certo de vir, pois se já é algo certo, que o foco seja então a vida.
A vida sim é incerta, possui altos e baixos, bens e males, dádivas e estorvos. Cabe a cada um escolher o que quer. Essas são as cartas que tenho nas mãos. Saiba escolher quais dispôr à vida.

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